domingo, 6 de maio de 2012

Empoderamento. O que isso significa?

Minha decisão de retornar à academia se deve ao fato de observar, na prática, a importância da família na inclusão escolar e social de crianças com deficiência. 
Uma das questões que exercem maior influencia sobre o desenvolvimento da criança é o quanto as famílias sentem-se seguras e autônomas no cuidado com seus filhos e o quanto possuem de informações sobre serviços que seus filhos podem acessar e sobre seus direitos. Trata-se de uma dimensão de militância, que passa a não envolver apenas o filho, mas a luta em prol de um grupo, da garantia de direito de minorias.
É fundamental que todos os profissionais que atuam nos serviços de educação especial (escolas, centros especializados), ao promover orientações a familiares de crianças com deficiência, levem em conta o "empoderamento", que é justamente um estado de sentir-se "com poder". É a tranquilidade que a família tem de questionar e participar do processo educativo pelo qual passa seu filho, é a informação sobre qual a real necessidade dele e o melhor serviço para atendê-la, e a habilidade de mobilizar outrem na luta pelo acesso e garantia de direitos! 
Empoderar significa habilitar as famílias a desenvolverem suas próprias estratégias de enfrentamento do dia a dia, das demandas de cuidados relativas aos seus filhos. Empoderar significa promover a reflexão ativa e a mobilização política das famílias. 
Felizmente, tive o contato com a prova viva do "Empoderamento Familiar". Ribeirão Preto conta com o trabalho de uma entidade que iniciou com um grupo de pais de crianças com síndrome de Down. No início, eram apenas pais que se reuniam para refletir sobre o desenvolvimento e a inclusão de seus filhos. Sua mobilização foi crescendo, passaram a buscar conhecimento e a agregar outras pessoas a fim de fortalecer sua luta. Hoje, constituem um Organização Não Governamental que pretende expandir seus estudos e projetos a crianças com outros tipos de deficiências e necessidades especiais. Eles militam pela inclusão! Vale a pena acessar o site e conhecer mais sobre a história desta instituição: www.ribdown.org.br


Em breve postarei mais reflexões sobre "empoderamento". Aguardem!


Reflexões "fresquinhas" sobre Educação Especial e Inclusão!

Caros seguidores e amigos leitores,

Faz algum tempo que não posto algo por aqui. Sintomas da vida de pós graduanda e profissional! Diante do longo tempo e das tantas coisas que tenho experienciado neste novo momento em minha vida profissional, decidi, neste post, partilhar com vocês as inúmeras reflexões que tenho feito nos últimos meses!

A primeira indagação a que todos os ingressantes no Programa de Pós Graduação em Educação Especial se fazem é: porque um programa de "Educação Especial" dentro da era da educação inclusiva? Não seria um contra-senso? 
E a resposta vem logo no início. O entendimento de que a Educação Especial constitui-se uma modalidade de ensino dentro da educação regular. Trata-se da gama de serviços que se destinam a atender crianças, adolescentes e adultos com necessidades educacionais especiais (não apenas os deficientes), ou seja, pessoas com deficiência intelectual, deficiência física, sensorial, múltipla, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades (superdotação). Não é possível radicalizar a discussão de inclusão e negar a necessidade de serviços especializados para apoiar a vida independente destas pessoas
A reflexão seguinte: é certo que a educação segregada, em salas especiais ou em instituições não beneficia às pessoas com necessidades especiais. É certo também que novas propostas pedagógicas para o atendimento das necessidades destas pessoas é fundamental. Entretanto, é possível afirmar que as famigeradas "salas de recursos multifuncionais" são a melhor opção para escolarização do público a que se destina a educação especial? Não seriam tais ambientes novas modalidades de salas especiais, novos ambientes segregados, e que privilegiam ensinos descontextualizados? 
Como profissional inserida num serviço de Atendimento Educacional Especializado e recebendo orientações e diretrizes do MEC sobre esta forma de trabalho, até então entendia como a única possibilidade de favorecer a escolarização de pessoas com necessidades especiais. Porém, agora passo a fazer novas reflexões: como promover a articulação entre professor do ensino regular e professor de educação especial se este serviço deve ser oferecido em período contrário ao que a criança está matriculada? Como promover o verdadeiro aprendizado dos alunos diante da falta de recursos específicos e de profissionais especializados? 
Não há como negar os avanços políticos relativos à inclusão escolar e social das pessoas com necessidades especiais, porém as reflexões sobre a qualidade e a efetividade de tais ações é primordial. 
Bom, mas se o que temos não é a melhor opção, qual alternativa resta? Há inúmeras pesquisas que apontam uma nova perspectiva de trabalho dentro das escolas e que pode ser mais efetivo no ensino e aprendizagem verdadeiramente inclusivos - O Ensino Colaborativo. Esta proposta prevê o trabalho conjunto entre professor de ensino especial e professor da sala comum na adaptação de estratégias pedagógicas para o ensino de pessoas com necessidades especiais.   

Nesta nova modalidade, a criança não sai se sua sala. Quem vai até ela é o professor da educação especial, cuja importância é auxiliar o professor do ensino regular sobre as peculiaridades no processo ensino-aprendizagem de pessoas com necessidades especiais. 

E para finalizar, a mais importante das reflexões: não há trabalho efetivo que se prive da análise de questões políticas que o envolvem! A discussão que adentra os meandros das intenções subjacentes às ações políticas desaliena e permite a prática profissional e a educação libertadoras!



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